A Conferência “A escritura dotal: abordagens metodológicas para o estudo do casamento em Portugal”, proferida por Flávia Oliveira, integra o Ciclo de Conferências em Metodologias de Investigação Histórica, no âmbito da Unidade Curricular “Metodologias de Investigação em História”, do 1º ano do Mestrado em História. As conferências decorrerão no horário das 16h00 às 18h00, em formato presencial, na sala 2.04 do Edifício 2 do Campus de Gualtar, na Universidade do Minho.

O Ciclo de Conferências é organizado e apoiado pelo Departamento/Mestrado de História do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, em colaboração com o Lab2PT/IN2PAST, sob a coordenação de Fátima Moura Ferreira.

Entrada livre.

Resumo: Prática pré-nupcial, o dote de casamento vigorou durante séculos como um apoio financeiro vital para a formação de novos agregados familiares. Ato de fé pública, este beneficiava não apenas o novo casal, mas também as respetivas famílias, desempenhando um papel importante na preservação dos bens patrimoniais e na continuidade das estruturas familiares.
Abordar a potencialidade da documentação notarial para o estudo da história da sociedade portuguesa nas suas mais variadas dimensões é o propósito desta sessão. Assumindo o dote de casamento como objeto particular de análise, pretende-se avaliar a importância desta escritura notarial como um elemento fundamental para uma compreensão mais profunda sobre a (re)constituição das famílias, a sua influência nas vivências interpessoais, bem como na transmissão e organização dos sistemas de herança. Definido como um contrato bilateral que estabelecia garantias e obrigações entre os envolvidos, o dote era mediado por interesses económicos e sociais, tornando primordial a análise de quem doava e quem recebia, a par das condições estabelecidas na escritura.
Proporcionando um olhar detalhado sobre as realidades familiares e económicas em Portugal, o estudo da escritura dotal permite ao historiador aceder a realidades variadas, quer na esfera privada – família e economia doméstica -, quer no domínio público – sociedade e cultura.

Nota biográfica: Flávia Oliveira é licenciada em História pela Universidade do Minho (2013) e Mestre em História pela mesma instituição (2016). Atualmente desenvolve o projeto de Doutoramento em História Moderna, na unidade I&D Lab2PT da Universidade do Minho, sob o título «Dotar “patrimónios”, “construir” famílias: os dotes de casamento, na cidade de Braga, no século XVIII», projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (ref. SFRH/BD/139347/2018). Membro do Grupo História Social a Norte (HSN), do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho.