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Conferência “Paisagens da escravidão e memória social - um trabalho com as comunidades contemporâneas do Rio Cacheu, Guiné-Bissau”
14 de novembro de 2024 | 16h00-18h00 | Sala dos Atos, ICS, Campus de Gualtar, Universidade do Minho
A Conferência “Paisagens da escravidão e memória social – um trabalho com as comunidades contemporâneas do Rio Cacheu, Guiné-Bissau”, proferida por Sara Simões, integra o Ciclo de Conferências em Metodologias de Investigação Histórica, no âmbito da Unidade Curricular “Metodologias de Investigação em História”, do 1º ano do Mestrado em História. As conferências decorrerão no horário das 16h00 às 18h00, em formato presencial, na Sala dos Atos, ICS, Campus de Gualtar, na Universidade do Minho.
O Ciclo de Conferências é organizado e apoiado pelo Departamento/Mestrado de História do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, em colaboração com o Lab2PT/IN2PAST, sob a coordenação de Fátima Moura Ferreira.
Entrada livre.
Resumo: A região de Cacheu localiza-se no norte da atual República da Guiné-Bissau e constitui uma referência histórica e geográfica fundamental para a compreensão dos processos de tráfico negreiro transatlântico estabelecido a partir do século XVI. Depois da década de 1830, apesar dos esforços abolicionistas, os comerciantes clandestinos encorajaram o surgimento de locais de comércio ilegal, longe do controlo das autoridades coloniais, e a escravatura persistiu. Hoje em dia, ao evocarmos memórias e lugares da escravatura, diferentes temporalidades emaranhadas se revelam, novos discursos e experiências surgem, evidenciam-se práticas coloniais tardias de trabalho forçado e das lutas pela libertação nacional. Nestes contextos, a herança colonial continua a influenciar os processos de construção da memória social e as relações que as comunidades estabelecem com os espaços e objetos. Mas de que forma a arqueologia nos permite revelar experiências mnemónicas de escravatura entre as comunidades contemporâneas do Rio Cacheu? Através de que mecanismos as pessoas preservam, criam e recriam novos processos afetivos em relação às materialidades deste passado? Como se envolvem e agem sobre eles no presente? Durante o meu trabalho de mapeamento de locais e evidências arqueológicas associados ao tráfico de pessoas escravizadas nesta região, tenho procurado entender o impacto destes fenómenos no contexto das sociedades locais e o seu papel configurador de novas paisagens sócio-culturais. Faço-o a partir de uma metodologia baseada no conhecimento das comunidades e numa perspectiva de co-produção de conhecimento. Através de uma recolha sistemática de história oral relacionada com os processos de escravização, procuro que seja o trabalho conjunto com as comunidades a guiar-me pelas paisagens da escravatura nas suas variáveis materiais e imateriais.
Nota biográfica: Sara Simões é uma arqueóloga do mundo contemporâneo. Trabalha sobre processos de escravidão e migrações forçadas no Mundo Atlântico, estudos coloniais, conflito e práticas de resistência. Desenvolve atividades académicas e profissionais sobre a relação entre arqueologia e praxis, procurando orientar o seu trabalho segundo uma arqueologia enquanto ativismo social. A investigação na qual se foca tem como linhas orientadoras as origens das desequilibradas relações de poder entre europeus e africanos, com base nos processos de racialização e nacionalismo, e a luta contra a desigualdade de género e por melhores condições de trabalho no contexto da profissão. É licenciada em História e Arqueologia, fez o mestrado em Arqueologia e é pós-graduada em Património e Projetos Culturais. Atualmente é doutoranda de Arqueologia na UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, financiada pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, com um projeto em que se propõe documentar e reconstruir paisagens do tráfico negreiro no Norte da Guiné-Bissau, entre os séculos XVI e XIX.
14 de novembro de 2024 | 16h00-18h00
Sala dos Atos, ICS, Campus de Gualtar, Universidade do Minho
Departamento de História Mestrado em História Lab2PT/IN2PAST Fátima Moura Ferreira