Após dois anos a explorar as diversas condições do mundo rural, o consórcio NERU (New Ruralities, Erasmus+ Cooperation Partnerships 2022–2025), composto por seis unidades de arquitetura e urbanismo da ULB (Bruxelas), POLITO (Turim), UDC (Corunha), UMinho (Guimarães), UACEG (Sófia) e ETH (Zurique), e integrado no Lab2PT/IN2PAST, está a organizar um simpósio internacional nos dias 3 e 4 de julho de 2025.
Intitulado “Shifting Ruralities. Reimagining Rural Spaces in Europe”, o simpósio pretende destacar a natureza dinâmica e evolutiva das zonas rurais europeias num mundo globalizado, reunindo contribuições que reflitem a sua diversidade, examinem as forças que impulsionam estas mudanças e explorem novas perspectivas — sem reivindicar autoridade sobre as muitas interpretações da ruralidade.

Apesar dos contrastes entre os espaços rurais contemporâneos, persistem certos pontos em comum: populações envelhecidas, muitas vezes vivendo isoladas, com acesso limitado a serviços essenciais; economias em dificuldades, modestamente sustentadas pela dependência urbana dos recursos rurais (por exemplo, energia, alimentos, matérias-primas, logística); abandono generalizado das infraestruturas construídas, resultando na queda acentuada do valor da terra; e um rico património cultural e arquitetónico enraizado em paisagens antropizadas. Em vez de simplesmente catalogar estas características, procuramos desvendar as histórias e as narrativas que as moldam. Como emergiram estes diversos caminhos e que lições podem oferecer? Existem histórias de sucesso que possam inspirar outras comunidades?

O simpósio enfatiza o “re” na reimaginação, centrando-se não na novidade, mas na revisão de noções de progresso, inovação e identidade. As zonas rurais, moldadas por mais de 8.000 anos de interacção entre forças humanas e não humanas, resistem à completa homogeneização, mesmo que a globalização as incorpore em redes económicas e ambientais globais. Estes espaços permanecem vitais, evoluindo em interação com sistemas urbanos, periurbanos e globais.
Embora a mudança percebida das cidades para o campo durante a pandemia de COVID-19 tenha sugerido um potencial transformador, estamos igualmente intrigados com a «alteridade» das zonas rurais — mundos onde coexistem meios de subsistência, rituais, economias, temporalidades e ecologias alternativas, frequentemente influenciados por cosmologias pré-modernas que permanecem ocultas ou são descartadas como retrógradas.

Enquanto consórcio que trabalha predominantemente com faculdades de arquitetura, a NERU procura dialogar com atores de diversas tradições, disciplinas e regiões. Ao contrastar as nossas descobertas com as de outros contextos, procuramos fomentar novas alianças transnacionais que ampliem as diversas vozes que habitam e moldam os espaços rurais contemporâneos.

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