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Exposição "Como Falar do Trauma? Uma ditadura ainda presente nas artistas ibéricas" | Susana Gaudêncio apresenta a obra "Covas e o Fim do Mundo, 2025"
16 de maio a 21 de setembro de 2025 | terça-feira a domingo, 10h00-13h00 e 14h00-18h00 | Galeria Quadrum, Lisboa
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EXPOSIÇÃO
Como Falar do Trauma? Uma ditadura ainda presente nas artistas ibéricas
Alice Geirinhas, Ana Pérez-Quiroga, Carla Hayes Mayoral, Cintia Gutiérrez, Cristina del Águila, Elo Vega, Susana Gaudêncio, Susana Mendes Silva
A exposição coloca em diálogo oito artistas contemporâneas de Portugal e de Espanha (Andaluzia) a fim de explorar as marcas das ditaduras ibéricas no presente das mulheres. Os trabalhos reunidos abordam o impacto intergeracional da opressão política, assim como as dinâmicas entre memória, pós-memória e contra-narração. Numa perspetiva crítica, estas obras questionam a amnésia cultural e histórica que frequentemente silencia as experiências traumáticas de subjetividades marginalizadas.
Concebido como um percurso labiríntico, o espaço expositivo articula tecido e um jogo de luz, criando uma cenografia que dramatiza a tensão entre revelação e ocultamento. Este dispositivo enfatiza tanto as projeções imaginárias como os silêncios e ressonâncias que habitam nos interstícios da memória coletiva e nos ângulos mortos das narrativas oficiais.
Mais do que retratar somente a dor, Como Falar do Trauma? | ¿Cómo Hablar del Trauma? convida o público a atravessar as fronteiras entre o visível e o velado, o narrado e o esquecido, promovendo uma reflexão poética e consciência política sobre como lidar com as heranças do passado e a possibilidade de reimaginar futuros.
Integrada numa investigação em curso no Lab2PT/IN2PAST, nesta exposição a investigadora Susana Gaudêncio apresenta a obra Covas e o Fim do Mundo, 2025.
A curiosidade que motiva a investigação sobre o território de Covas é norteada pela sua história de políticas extrativistas e exploração tecnológica de recursos geológicos e hídricos, como a mineração de ouro na época romana, a edificação da segunda central hidroeléctrica do país (1910), a extracção de volfrâmio e tungsténio (1949 -1984) e mais recentemente as tentativas de prospecção de lítio (2020-2023). Utiliza-se a prospecção como metáfora positiva para apreender o lugar de forma performativa, através da caminhada, e nesse processo colaborar com a sua comunidade, nomeadamente: a que representa o poder local; a que se envolve em processos artísticos e de projecto catalisadores de desenvolvimento local e de sustentabilidade; e a que promove a luta ativista no terreno.
No cerne da luta, destaca-se um grupo de mulheres — As mulheres à Serra que, diante da ameaça iminente à sua terra, se mobiliza com uma energia notável. Provenientes de diferentes trajetórias, idades e experiências, essas mulheres organizam-se e tecem redes de resistência que combinam o saber tradicional, o conhecimento científico e o ativismo contemporâneo. A sua diversidade — longe de ser um obstáculo — torna-se na sua força. Colectivamente, conseguem articular campanhas, dialogar com as autoridades, organizar protestos e envolver a comunidade, tornando-se num veículo potente contra os impactos ambientais e sociais da mineração. Mais do que um simples acto de resistência, o seu movimento reflete a criação de uma nova forma de ação coletiva, sob a perspectiva de um conhecimento situado que, na sua multiplicidade, é bem-sucedida em proteger o território, inspirar outras lutas locais e globais, no presente e no futuro.
Inauguração da Exposição:
15 de maio de 2025 – 18h00
Mais informação no website das Galerias Municipais: AQUI