Créditos das imagens:© J.G.

Créditos das imagens:© Marta Prista

 

A apreensão do contexto histórico, social, artístico e político que situa as obras reunidas na exposição “Artistas na Fábrica” exigiu não só a identificação e a conjugação de resultados de muitas investigações anteriores como a formulação e o desenvolvimento de novas direções de pesquisa. “A estrutura, o conteúdo e o discurso expositivos refletem o conhecimento assim construído. E convidam ao seu desenvolvimento e questionamento, incluindo através de um programa de visitas e encontros (com académicos, incluindo investigadores/as do IN2PAST, e outros intervenientes) dirigido ao público, escolas e formação docente”, defende Emília Margarida Marques, investigadora do CRIA – Iscte / IN2PAST e cocuradora da exposição, que acolheu no sábado, 15 de fevereiro, uma visita guiada e a primeira conversa da iniciativa do IN2PAST “Investigar para Expor”.

 

“Artistas na Fábrica – Tereza Arriaga, Jorge de Oliveira, Manuel Filipe, 1943-1945”, patente no m|i|mo – museu da imagem em movimento, em Leiria, até 15 de junho, “reúne largas dezenas de obras de grande relevância no neorrealismo plástico português, datadas dos anos finais da II Guerra Mundial, e contextualiza-as nesse tempo histórico forte e nos territórios e dinâmicas sociais, artísticas e políticas que decisivamente as envolvem”, explica Margarida Marques. “Nestes territórios e dinâmicas cruzam-se dois setores industriais – vidro e cimento, diversos entre si nos processos e infraestrutura de fabrico, na estrutura de propriedade, na autonomia e combatividade dos grupos operários – e um centro urbano então marcado pelo ativismo cultural antifascista”, continua a investigadora.

 

Desta investigação resultou já o estudo de dois conjuntos arquivísticos, adianta Margarida Marques, um dos quais serve atualmente de base a um projeto pedagógico de história local e da educação, na Escola Secundária Eng.º Acácio Calazans Duarte, na Marinha Grande. “O grupo disciplinar de professores de História da escola prepara atualmente, com alunos, uma exposição sobre a história do estabelecimento”, a partir, em grande parte, do arquivo da centenária Escola Industrial Guilherme Stephens.

O outro conjunto arquivístico que poderá vir a ser tratado a breve trecho é o arquivo do Leiria Ginásio Clube (LGC), associação desportiva e cultural que, nos anos focados na exposição “Artistas na Fábrica”, “promoveu e acolheu muito do ativismo cultural antifascista em Leiria, tendo chegado o governador civil a considerar seriamente a sua dissolução – que não terá acontecido porque, em 1947, o LGC se fundiu com dois outros clubes locais, dando origem ao Ateneu Desportivo de Leiria, ainda existente”, conta a investigadora do CRIA – Iscte / IN2PAST. Este acervo encontra-se no Arquivo Distrital de Leiria.

 

A atividade “Investigar para Expor: Artistas na Fábrica” do passado sábado, organizada com a colaboração do m|i|mo – museu da imagem em movimento e do Município de Leiria, incluiu uma visita guiada por Margarida Marques e pela cocuradora e investigadora do IHA – NOVA FCSH / IN2PAST Raquel Henriques da Silva, e uma conversa com as também investigadoras do IN2PAST Fátima Moura Ferreira (Lab2PT – Universidade do Minho), Mariana Pinto dos Santos (IHA – NOVA FCSH) e Sónia Vespeira de Almeida (CRIA – NOVA FCSH).

 

A iniciativa “Investigar para Expor”, que visa convidar à reflexão sobre diferentes práticas curatoriais e expositivas que ativam e se alimentam de processos de pesquisa crítica e colaborativa, promovendo também o contacto direto com os espaços não académicos onde a investigação é apresentada e realizada, é organizada pelas coordenadoras da Linha Temática 3 do IN2PAST “Museus, Monumentos e suas Coleções”, Marta Prista (CRIA – NOVA FCSH / IN2PAST) e Susana S. Martins (IHA – NOVA FCSH / IN2PAST).

 

Informação no site do IN2PAST: AQUI