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Publicação do artigo de Luís Gonçalves Ferreira “Domesticar a cor durante a Idade Moderna: tingir lanifícios de preto em Portugal”
10 de fevereiro de 2024 | Revista Heritage
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“Domesticar uma cor” envolve uma trama de relacionamentos tecnológicos e simbólicos estabelecidos pela capacidade humana para reproduzir uma cor visível recorrendo às técnicas da tinturaria têxtil. O regimento dos panos ou regimento dos trapeiros, publicado em 1573 e acrescentado em 1690, é um documento constituído por 107 capítulos que procuravam normalizar as várias fases da cadeia produtiva dos lanifícios produzidos em Portugal. O regimento, nos tópicos respeitantes aos acabamentos dos tecidos, detalhava com grande cuidado o tingimento da cor preta. O objetivo principal deste texto é debater as quatro receitas apresentadas naquele documento. O sistema pressupunha uma fase exógena às normas, pois os panos deveriam ser previamente tingidos de azul (“os celestes”) por sucessivas imersões do tecido num banho de cuba com índigo. O tingimento propriamente dito conseguia-se pela mistura de substâncias mordentes e auxiliares (alúmen, tártaro, sulfato de ferro e taninos) com um corante vermelho (a ruiva). A principal conclusão deste trabalho é que as fórmulas apresentadas não constituem, nos seus princípios gerais, um traço caraterístico português. Através do cruzamento com outras fontes manuscritas e impressas, trabalhadas segundo uma metodologia qualitativa, inventariamos as matérias-primas tintureiras da Idade Moderna, aproximamos a sua importância social e económica e sistematizamos as tipologias de lanifícios portugueses.
Este artigo é um output do projeto “REVIVE: The threads of the past weaving the future: The colours of the Royal Covilhã Textile Factory, 1764-1850” e da bolsa individual de doutoramento “Pobres, doente e esfarrapados? Indumentária de pobres no contexto assistencial de Porto e Lisboa (séculos XVII-XVIII)”.
O artigo encontra-se disponível AQUI.