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Workshop de Design de Artefactos Oláricos "Com design, azeite, pão e vinho se faz o caminho"
15 a 19 de julho de 2024 | Reguengos de Monsaraz
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O território de Reguengos de Monsaraz, especialmente a localidade de São Pedro do Corval, é amplamente reconhecido pela sua longa tradição na arte da olaria. Esta é uma das atividades artesanais mais antigas e emblemáticas desta região do Alentejo. São Pedro do Corval é considerado um dos maiores centros oleiros da Península Ibérica. A tradição oleira na localidade existe há vários séculos, onde se realçam achados arqueológicos que remontam à época românica. Apesar de em menor número quando comparando com o passado, nesta freguesia ainda permanecem ativas algumas olarias que, recorrendo a técnicas tradicionais, produzem peças utilitárias e decorativas. Desse modo, a olaria está profundamente enraizada na história, cultura e economia local, e agrega um legado relevante para a identidade olárica nacional.
A parte da olaria e a relevância da produção de azeite e de vinho na região destaca-se pela qualidade que lhe é reconhecida mundialmente. Dada a função primordial dos utensílios de olaria, a relação entre estes e a herança gastronómica da região é evidente. Contudo, a função operativa que os objetos de olaria ocuparam nas casas portuguesas até à década de 70 do séc. XX é diversa do seu posicionamento atual, que se orienta para uma função decorativa. No entanto, a exploração destes elementos e características surgem como possibilidade de exploração projetual, onde a herança cultural, as dimensões plásticas, produtivas e iconográficas, juntamente com o legado gastronómico e atual posicionamento destes produtos regionais, podem promover iniciativas onde o design contribui como agente de dinamização cultural, económica e social.
Este projeto resulta da interação entre as Universidades do Minho, do Porto e de Aveiro com as comunidades de artesãos, nomeadamente os oleiros de S. Pedro de Corval, a partir de um exercício prático dos alunos de design num contexto real.
Neste sentido, o envolvimento com o Museu Aberto de Monsaraz, como possibilidade de aproximação ao território, permite um diálogo entre a atividade olárica e uma resposta criativa aos desafios locais, para estimular soluções que permitam mitigar a desertificação. Por outro lado, numa perspetiva de economia local, a aproximação dos vários atores sociais, sejam eles a Câmara, a indústria agrícola, o turismo, os artesãos e a sociedade em geral são chamados na sua interação à criação de soluções mais sustentáveis e humanistas.
Sob a coordenação científica e a orientação dos Professores Bernardo Providência da Universidade do Minho, João Sampaio da Universidade de Aveiro e Lígia Lopes da Universidade do Porto, entre 15 e 19 de julho, a casa do Barro em São Pedro do Corval acolheu o Workshop que reuniu alunos de design das três Universidades, num programa que permitiu a interação com as olarias locais, com o Museu Aberto de Monsaraz e um programa de visitas.
Pelas 11h00 as portas abriam-se diariamente ao público em geral para uma partilha dos trabalhos em andamento, estando patente a “Exposição do Design Português através da pluralidade de objetos”, com curadoria de Daniel Vieira (Lab2PT) e Bernardo Providência (Lab2PT), e decorrendo Palestras por especialistas, como foram os casos de Álbio Nascimento do “The home Project design Studio” e de Ana Andrade do Laboratório “O imaginário”, UFPE, Brasil que apresentaram modelos de interação com as artes e ofícios de Portugal e Brasil.