«Histórias interpeladas» agrega um conjunto de trabalhos com temas, espacialidades e temporalidades diversificados produzidos por investigadores no início das suas carreiras. Os resultados enquadram-se maioritariamente nos projetos de doutoramento em curso que, à data da redação e publicação desta obra, se encontram em diferentes estados de ação. As investigações são desenvolvidas em seis universidades da Península Ibérica. Acreditamos que a pertinência desta obra se encontra na oportunidade de cruzar contextos de investigação muito distintos, mas que partilham o mesmo sentido de interpelar a história de forma inovadora. Essa novidade revela-se nos questionamentos levantados, nos posicionamentos teórico-conceptuais desenvolvidos ou nas metodologias utilizadas.
A cronologia abrange um largo período, desde a Idade Média Plena até ao século XX, nos territórios continentais e ultramarinos de Portugal e Espanha.

Do ponto de vista temático, destacam-se assuntos relacionados com a cultura material, o quotidiano, o património edificado, o género, o trabalho, a religiosidade, a conflitualidade, as epidemias e os poderes institucionalizados. No âmbito dos sujeitos, evidenciam-se os homens das elites locais ou nacionais, embora as mulheres e as outras pessoas comuns sejam consideradas e problematizadas nos contextos patriarcais, de privilégio e distinção onde circulavam. Embora se destaquem os problemas próprios das cidades, como as instituições complexas e as densas redes de poder, a história rural é problematizada tanto nas suas especificidades como nas múltiplas porosidades com o espaço urbano.
As fontes utilizadas são muito distintas: os autores trabalham fontes visuais, orais, documentais (impressas e manuscritas) e registos de cultura material; do ponto de vista tipológico, indaga-se legislação, regulamentos, censos, processos judiciais, posturas municipais, tratados, remanescentes ósseos, admissões institucionais, registos paroquiais, fontes orais, notariais e epistolares produzidas por pessoas operantes em instituições
locais, regionais, estaduais e ultramarinas de âmbito secular e religioso.

As metodologias escolhidas, embora mormente qualitativas com análise documental crítica, incluem pontualmente métodos mistos e estudos comparativos ou de caso.

(Nota Introdutória, p.7)

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